5 de fev. de 2017

O Brasil e a radicalidade


Há no processo político brasileiro um curioso paradoxo. A população exige avanços nas políticas públicas, mas apoia os partidos e medidas conservadoras.

O PT eleito para mudar o cenário de desigualdades se converteu em uma força conservadora. Sua função era desestabilizar a mesmice política e criar um novo cenário institucional, mas a ânsia de poder anulou sua força renovadora.

As eleições municipais de 2016 deverão montar as peças no tabuleiro das eleições presidenciais de 2018. Os eleitores ao escolher o prefeito e os vereadores irão pré-indicar quais serão os partidos que terão força política para concorrer à presidência da República e cumprir as exigências das ruas.

O PSDB se distanciou da socialdemocracia defendida por Franco Montoro, Mário Covas e assumiu compromissos mineiramente regressistas. O PMDB está envolvido com o PT em um abraço de afogado. Este quadro partidário possibilita a emergência de um aventureiro montado em um partido de aluguel, em 2018.

O que não se pode é anunciar a extinção da política. O esgotamento de um ciclo político abre oportunidades para intensificação das manifestações populares, sejam de direita ou de esquerda. Os protestos tendem a tornar mais acirrados caso as reivindicações não forem atendidas e, a repressão, mais violenta.

Este é o legado para o Estado. Que o poder Judiciário combata radicalmente a corrupção e colocar na cadeia os corruptos. Que o poder Executivo atenda as demandas da coletividade e não se deixe levar pelo brilho ilusório do poder. Que o poder legislativo recupere sua respeitabilidade.

Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)


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