O que se pode esperar da crise
político-econômica que se avizinha? Havia uma das regras da quadrilha era não
delatar os companheiros. Essa ética demarcava o comportamento ético do
submundo.
A bandidagem mudou com o tempo. Os
quadrilheiros que assaltam o tesouro público roubam o sonho da juventude que
quer estudar; a confiança das famílias que lutam para sair da pobreza e a
esperança dos doentes que procuram a cura nos hospitais públicos.
Esses são os réus da Lava-Jato que
tem na regalias na prisão. Fazem valer suas alianças com os poderosos. O
ex-senador Luís Estevão, de Brasília, desacatou o Diretor da Papuda por ter
diminuído suas regalias. Vejam, só!
O Superior Tribunal Federal (STF),
sob as pressões políticas, demora a cumprir o rito judiciário. Os integrantes
do STF são “indicados” pelo presidente da República e “sabatinados” pelos
senadores. Nos países desenvolvidos os juízes do STF são diretamente eleitos.
Entrar na lista de candidatos ao
STF e ficar é dívida com os políticos. As teses comprovam a estreita relação
entre política e judiciário. Toda decisão judiciária deve ser considerada sob o
ponto de vista dos interesses políticos.
Entramos no terreno da dúvida. A eleição
para as presidências do Senado e da Câmara dos Deputados, por exemplo, é uma
porta giratória: sai um e entra o outro do mesmo grupo. A sociedade cobra seus
direitos a saúde, educação e trabalho. Da
tribuna os parlamentares discursam cinicamente demonstrando que o governo está
cumprindo a Constituição e o Estado de Direito.
A reação à operação Lava-Jato tem
exposto os nomes das autoridades, que se beneficiaram com a corrupção. Há uma indignação
social contra as regalias que os presos de colarinho branco têm recebido nas
unidades prisionais. Os que roubaram a merenda dos alunos das escolas públicas
de São Paulo estão soltos.
Com a homologação das 77 delações
da construtora Odebrecht a temperatura política vai subir. O presidente Temer insiste
em conceder a Moreira Franco status
de Ministro, com foro privilegiado no STF. Franco, apelidado de “angorá”, foi
citado 34 vezes na lava-jato. Igualzinho ao Lula.
Durante a Revolução Francesa os
nobres que estavam presos tentaram trair a França. Os jacobinos invadiram e
mataram os aristocratas presos. Esse ato ficou conhecido como “Massacre de
Setembro”. Isso não é nenhum exemplo, mas uma amostra histórica do limite da
paciência popular.
Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)
Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)