5 de fev. de 2017

Década das surpresa


É tempo de rever nossas certezas, de duvidar do que não se podia duvidar. Há tempo que os sinais vem se modificando. Estávamos em um tempo incremental. Agora, entramos em um turbilhão de mudanças imediatas e precisamos compreender essas alterações se não quisermos nos tornar obsoletos.
Quando temos a quase-certeza, lá vem a delação e o quase desmascara a certeza. As mídias estão levantando o véu, que ajudaram a cobrir a abjeção.
Herdamos a genética da escória do velho mundo. Toda uma galera de perdedores desembarcaram neste magnifico continente. Contaminaram o ciclo natural e impuseram a história deles, a dos degradados.
Esses somos nós. Enxotados do velho mundo, assim como os imigrantes de agora. Ondas de seres humanos desterritorializados, sem referência enquanto cidadãos e cidadãs. Os EUA e os países europeus criminaliza o neoimigrante. Nega-lhes a oportunidade que um dia lhes foi dada.
As mudanças são bem-vindas. É um tempo no qual o lema “Proibido Proibir”, dos tropicalistas, emerge resignificado, não mais contra a censura, mas a favor de um novo tempo, que ainda não se consolidou.  
Os seres chegaram ao limite e precisam que repensar o meio e a forma como vivem. O senso comum repete que somos passageiros, mas isso nunca foi tão evidente. Tão acachapante como na década que se seguirá.
Atingimos à dolorosa consciência de que o mundo não acabará. Que pena! Do alto do nosso egoísmo gostaríamos de que tudo se acabasse conosco. Porém, não há bomba que destrua o planeta. No caso de uma implosão, outro se formará e isso não depende de nós.
O tempo não existe para as coisas e para a natureza. Somos vítimas do tempo que criamos. Fazemos parte da natureza, mas fizemos de tudo para dela se apartar. Em vez de naturalizar a humanidade, tentamos humanizá-la. Como a natureza não é domável, salta agora qual cavalo selvagem.
A história que vamos testemunhar nas próximas décadas não poderá ser comparada com a que aprendemos nos livros escolares. Os grandes gestores das políticas atuais não são encantadores de cavalos, mas truculentos domadores do velho Oeste, que se valem da espora e do chicote.

Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)

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