2 de ago. de 2015

Abaixo o quartel de Abrantes!


Abaixo o quartel de Abrantes!

Uma coisa pode ter certeza, o Brasil não será mais o mesmo depois dos governos petistas. Para o bem ou para o mal a nação experimentou formas políticas que percorreram do populismo-democrático à democracia-tecnocrática. O país não deixou a fronteira da democracia, mas também não avançou no sentido de uma distribuição de riqueza mais justa.
Desde o desmoronamento da ditadura militar, em 1982, a população progrediu politicamente. Errados estão os que pensam que a juventude está alienada do processo político. Basta observar as últimas manifestações para ver o protagonismo juvenil. Foram os estudantes os primeiros a tomar as ruas e serão os últimos a sair.
Os casos de corrupção que empobrecem a nação e roubam a saúde, a educação e o emprego da população atingem com mais agressividade os jovens. A indignação é o sujeito do aprendizado. Uma coisa é saber que roubam, outra é vivenciar o roubo, mesmo como espectador.
O resultado do desvio de recursos públicos é a inflação, o encarecimento da vida e a péssima oferta de serviços públicos. Isso enfraquece a esperança, mas o resultado pode se inverter. O que é para enfraquecer pode fortalecer. Os modernistas pensam assim. Somos fortes e vingativos como o jabuti, escreveu Oswald de Andrade, no Manifesto Antropófago.
Na década de 1920 estávamos devorando a tradição cultural eurocentrista. Hoje, estamos deglutindo os lideres partidários que pensam que nos enganam. Amanhã vamos petiscar as elites que se julgam impunes. Estamos tomando o veneno da cobra para ficarmos vacinados.
A nação que inventou o carnaval não pode ser triste. Alegria é um produto de exportação brasileiro. Aristóteles filosofou sobre o riso, nós o praticamos.
Por isso, caricaturamos tipos e inventamos verbos como “malufar”. Em futuro próximo vamos “cunhar” outras expressões. Se pensam que vamos ficar com um riso amarelo estampado na face, estão enganados.
Enganam-se aqueles que dizem que o brasileiro não te memória. Os nossos déficits educacionais são imensos, mas parodiando Guimarães Rosa, o espírito é a arma, Deus o gatilho.

Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)