5 de fev. de 2018

Cryptolocker e ransomware, conhece?

(Conspiração para participar da atividade de Rackers; Fraude bancária; Conspiração para violar a Lei de fraude e abuso de computador; Conspiração para violar o ato de identidade de roubo de identidade e dissuasão de suposição; Roubo de identidade agravado; Conspiração; Fraude informática; Fraude de Comunicação; Lavagem de dinheiro).

Cryptolocker e ransomware, conhece?
Edélcio Vigna, doutor em Ciências Sociais/UnB

Ainda precisamos invejar a carapaça do jabuti. Porque mesmo criando uma couraça tecnodigital continuamos vulneráveis. Temos a falsa impressão de que o mundo fica lá fora, fora da matriz que construímos cotidianamente. O nosso refúgio, construído de bits e pelos modelos dissipáveis ou auto-organizáveis, é somente um jogo de sequencias infinitas.

Despejamos fotos no instagram, no facebook, recebemos cliques de autoestima e respondemos com emojis.  Mas, em verdade nosso corpo social está sendo roubado. Estamos sendo amputados dos sentimentos. O ciberespaço suprime o planeta. A globalização é incapaz de nos dar a territorialidade que necessitamos para existirmos como identidade cultural.

Onde está aquela casa cheia de sonhos? Realidades vividas, experiencializadas, por nossos pais e por nós desde pequenas quimeras que fomos? Estamos atravessando um patamar que oferece uma tirania cibernética muito mais hedionda que o esquecimento.

Eu me recuso a ser formado por bits. Minhas células se rebelam contra o cyber-darwinismo. Para fugir da indiferença em relação ao outro, não posso eliminá-lo, mas colocá-lo ao meu lado.

A bolha informática, similar a rosa de Hiroshima, não nos ameaça como ficção, mas com a realidade da crise da neteconomia, que não tem lugar nem espaço para explodir. “No dia em que todos os bancos e bolsas do mundo estiveram interconectados, o crack será necessariamente mundial”, alerta o filósofo Paul Virilio.

O principal problema não é o cyber isolamento que dessujeita, que criou o não-sujeito, mas a ilusão da interação protetora. Nos muitos cliques existe o nada. O que há não é o caos, mas a desordem. No caos há possibilidade criativa, a desordem é estéril. A violência ganha nova forma. O trágico espetacular tem início com a destruição das torres gêmeas.

Quem é o alvo do rinocibernético? Os aeroportos, bancos, governos e você. Em maio, o “cryptolocker”, um vírus de resgate, bloqueou mais de 200 mil computadores em 150 países, entre eles a Inglaterra, Rússia, Dinamarca, França, Ucrânia, e Espanha.

Outro vírus o “ransomware”, sequestra os arquivos e só os libera mediante pagamento em moedas virtuais. Um ataque cibernético consume milhões de dólares. Para evitar o “Bug do Milênio” foram gastos US$ 7 bilhões.


Não nos basta a carapaça do jabuti, símbolo de resistência cultural brasileira, que desafia o tempo com a astucia que a floresta lhe proveu, para nos livrar da crise da neteconomia. A pergunta não é se ela vai acontecer, mas quando acontecerá? Enquanto o armagedom não vem é melhor atualizar seu dicionário com os termos do novo tempo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário