Tudo se esforça para ser verdade, mas o véu acaba caindo e a máscara da
mentira se expõe irremediavelmente. Aparentemente o país está saindo da crise,
mas a recessão se aprofunda. Os números que são apresentados pelos mais credenciados
institutos não passam de grossas falsificações. São como propaganda de
remédios.
Quando se devia seguir a lei do coração, se curva à lei do fígado e a da
genitália. A lei de Gerson “levar vantagem em tudo”, dos anos 70, voltou a
vigorar com toda força. A humanidade retorna ao ciclo de conquistas e
brutalidades. Basta ligar a TV e se enojar de tantas cenas de crueldade. É como
rever as cenas do filme “laranja mecânica”.
A revolução das comunicações trouxe a parte pior do real para a sala de
visitas. Se pensava que as cenas melhorariam a sensibilidade em relação ao
outro e reforçariam o sentimento altruísta, erramos. As notícias estão
embrutecendo o espírito e naturalizando a violência e a corrupção.
Os políticos se empenham em representar o eleitor, mas sempre há cartazes
dizendo “ele não me representa”. A honestidade pública está no auge do
descrédito. Desde o caixa-2 Dilma-Temer ao bom-mocismo do PSDB, enchafurdados
na lava-jato.
A economia pública é saqueada enquanto alguns se batem em torno de nomes,
que não levam a nenhum lugar que não seja conhecido. As instituições públicas
estão paralisadas devido ao confronto de interesses particulares, que nada tem
a ver com o bem estar da população. Saquear a República é a palavra de ordem. Ao
povo: TV e promessas.
Nossas vidas estão sendo contaminadas pelo vírus da cretinice e da
insensibilidade. Mente-se hoje muito mais do que ontem. Engana-se com um
despudoramento de causar vergonha ao despudor. Os sorrisos são apenas
contrações labiais sobre uma cara de pau.
O exercício cotidiano do ser é ser verdadeiro. Mas, qual é o parâmetro da verdade? A
“verdade” não está apenas em oposição ao “falso”. Verdade é uma palavra
polissêmica, que é construída historicamente e é uma experiência vivenciada. Muitos
foram e são os seus sentidos. Dentre esses está se escolhendo o mais
repugnante. Será isso insanidade coletiva?
Efeito rebanho pode ser um fator, mas até quando o indivíduo vai se
acomodar e ser apenas boi de rabeira? O tempo é relativo e o humano não é nada
diante o tempo do mundo e menos que poeira em relação ao tempo do universo.
Tudo pode ser recriado, reinventado e revisado, até mesmo nossas vidas.
*Edélcio
Vigna, Doutor em Ciências Sociais/UnB
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)
edelcio.evo@gmail.com
(Publicado na Folha de Ourinhos)
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