Globalização
e Integração Regional[1]
Edélcio Vigna
Doutorando no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas
(CEPPAC), vinculado ao Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de
Brasília (UnB).
RESUMO
Este artigo se propõe a relacionar, do o
ponto de vista do conceito de sistema-mundo moderno de Wallerstein e da teoria
de processo político de Tarrow e Tilly, a questão da integração regional
latino-americana com os desdobramentos do processo de globalização e a
emergência de redes nacionais e internacionais latino-americanas. O processo de
normatização do mercado pela Organização Mundial do Comércio (OMC),
protagonizados pelas grandes corporações e Estados centrais, estimulou a
criação de redes nacionais às redes regionais e transnacionais, que incidiram
sobre as negociações comerciais em pauta nas rodadas de Doha e OMC.
Palavras-chave: Sistema-mundo, Immanuel Wallerstein, teoria do processo político, Sidney Tarrow,
Charles Tilly, Rebrip; Aliança Social Continental; redes transnacionais;
sociedade civil; comércio; redes sociais; ação em dupla escala.
“A descoberta de que a terra se tornou mundo,
de que o globo não é mais uma figura astronômica, e sim o território no qual
todos se encontram relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos – essa
descoberta surpreende, encanta e atemoriza”.
Octávio
Ianni, 1995:13.
I)
Introdução
Para
que esse encantamento temeroso de Ianni continue se realizando muitos processos
deverão se desdobrar na história do capitalismo, que se apresenta como um modo
de produção material e imaterial com pretensões de se internacionalizar há mais
de cinco séculos. O modo de produção capitalista promove e é promovido pela contínua
revolução da indústria e das formas de distribuição e consumo, associado aos
saltos qualitativos na área da comunicação e informação, reinventou fronteiras
e redesenhou o mapa mundial sem dissolver os Estados nacionais. Carlos Eduardo
Martins afirma que, de acordo com a teoria da hegemonia compartilhada, os
“Estados nacionais continuam a serem os atores fundamentais da realidade em que
vivemos” (2001:17). Essa capacidade do capitalismo de articular mecanismos
hegemônicos sem necessariamente destruir os modos de produção e as culturas
tradicionais facilitou a expansão capitalista que vai se impondo por meio da
escala de produção global. O capital, ao se impor em todas as dimensões, repagina
o mapa mundial do século XX, ao desbaratar os impérios coloniais e abrir espaços
para novas formas de exploração que começam a se consolidar no século XXI. Esses
processos de internacionalização estabelecem novos marcos de regulação, que tem
como base os tratados internacionais e os blocos de integração regional.
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